Governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) pretende derrubar benefício fiscal em vigor desde 1993; Caso a medida prospere, comer fora de casa pode ficar até 7% mais caro já em janeiro de 2025
Com apoio do SinHoRes Nordeste Paulista (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares) – que representa oficialmente cerca de 20 mil empresas do setor nas regiões de Ribeirão Preto, Franca e Barretos – a FHORESP (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo) corre contra o tempo para articular, junto ao Governo de SP, a manutenção do regime especial de tributação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), em vigor desde 1993.
E a FHORESP alerta: Caso o benefício não seja mantido, há risco de o setor passar dos atuais 3,2% para 12% de taxação, ou seja, um aumento de 300% que vai impactar diretamente mais de 500 mil empresas ativas e um total de 1,4 milhão de empregos, entre formais e informais.
Efeito imediato
O reflexo sobre a taxação será instantâneo e de efeito “catastrófico”, de acordo com Edson Pinto, diretor executivo da FHORESP, a começar pela redução de investimentos, pelo aumento da informalidade, pela queda na geração de postos de trabalho, além de inevitável aumento de preços para o consumidor final. “Comer fora de casa ficará mais caro! Haverá um aumento, já em janeiro de 2025, de, pelo menos, 7% no custo da refeição em todo o estado. Contudo, como o segmento vem segurando reajustes ao consumidor, de mais ou menos 14% de inflação nos alimentos, nos últimos quatro anos, pode ser que o aumento seja ainda maior”, diz.
O regime especial de tributação foi concedido ao setor em 1993, ainda na gestão do então governador Luiz Antônio Fleury Filho, e teve sua renovação assegurada desde então, ano a ano. A validade do decreto que concede o benefício expira em 31 de dezembro de 2024. Sem a continuidade do regime especial, o Estado de São Paulo terá a maior taxação de ICMS do Brasil no setor de Alimentação Fora do Lar. “O Governo de SP quer acabar com uma ajuda que nos é concedida há 31 anos. Isso é um desaforo, além de um risco para o segmento que mais gerou empregos em São Paulo, em 2023. Muitas empresas, além de repassarem o prejuízo para o cardápio, podem passar a demitir e até fechar as portas”, lamenta Edson Pinto.
Tarcísio foge do assunto
Procurado formalmente pela FHORESP, via ofício, para tratar do tema, o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) disse que não vai receber a entidade. Em paralelo, interlocutores mandaram recado à Federação dando conta de que o aumento na arrecadação já está até mesmo previsto na Lei Orçamentária enviada, recentemente, à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
O diretor executivo da FHORESP destaca que a omissão do Estado resultará em “efeitos negativos sem precedentes à economia”, ao passo em que considera “grave e radical” a falta de diálogo por parte do chefe do executivo paulista face ao assunto. “O fato de o governador (Tarcísio) se recusar a nos receber e a dialogar com um setor do nosso tamanho, demonstra, por parte dele, radicalidade e desconhecimento da nossa importância. Isso é preocupante e grave”.
Outro setor que também defende a manutenção do regime especial de ICMS, em São Paulo, é o representado pela Federação Nacional de Refeições Coletivas (Fenerc) e pela Associação Brasileira de Refeições Coletivas (Aberc). Este é responsável pela emissão de tíquetes-refeição e pelo abastecimento de merenda escolar e da alimentação oferecida em postos de saúde e presídios. Caso o benefício fiscal de fato seja extinto no Estado de SP, contratos desta natureza deverão sofrer incremento custando ainda mais às empresas e aos cofres públicos contratantes. “A FHORESP vai insistir até o fim deste ano na sensibilização do governo paulista para soluções que assegurem o acesso do cidadão à alimentação de qualidade com preços competitivos e, assim, evitar um desastre na economia do setor”, completa Edson Pinto.
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Segundo Rubens Antônio dos Santos, presidente do SinHoRes Nordeste Paulista, “O setor de Hotéis, Restaurantes e Bares é um dos principais da nossa economia e está conectado à diversos outros segmentos da Cadeia Produtiva Local/Regional. Aumentar a alíquota de ICMS em 300% é completamente inapropriado, ainda mais em um momento tão adverso. Perderão os empreendedores, colaboradores, consumidores, as cidades e todo o Estado de São Paulo. Apoiamos o posicionamento da FHORESP e vamos fortalecer essa luta junto à nossa base de representação”, finaliza.
Da Redação.
Fotos: Divulgação.